14 de fevereiro de 2008

Geração Coca-cola?

Vamos fazer nosso dever de casa
e aí, então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis,
fazer comédia no cinema com as seus leis”


Ano 2008. Passaram-se 23 anos do lançamento dessa música e eu não posso deixar de pensar que nada podia estar mais longe da verdade. Vivemos em uma sociedade acomodada, onde os jovens, ex-eternos rebeldes, estão razoavelmente satisfeitos. É evidente que melhoramos, mas mais evidente ainda que o mundo não está “pronto”. Problemas existem inúmeros, mas não é sobre isso que eu quero tratar aqui, e sim sobre a falta de vontade dos jovens de fazer alguma coisa. (“A televisão me deixou burro muito burro demais”?)

Nossa geração não teve uma Grande Guerra, não tivemos Woodstock nem John Lennon cantando “Imagine”. Ninguém nem mais sabe quem foram os beatniks e Che Guevara era um fedido. Então, com o que nos preocupamos? Queremos conhecer famosos? Dinheiro para ir ao shopping? Queremos ficar iguais aos atores do cinema?

”Não! Isso é bom, uma sociedade com estabilidade econômica vai gerar prosperidade, revoluções são um atraso” me diz alguém. Será esse nosso destino? Não haverá mais lutas e todas as mudanças serão graduais, nos afundando cada vez mais nesse status quo? As revoluções serão as novas versões do iPod?

Talvez o instinto dos jovens para mudanças tenha sido reprimido, afinal de contas os rapazes do Nx Zero não são exatamente militantes... ninguém na nossa música atual é. (Desculpa, talvez um ou outro. Mas não estão na grande mídia.) Talvez fazer uma faculdade, conseguir um emprego com salário razoável e ser o orgulho dos pais conservadores seja uma boa perspectiva.

Mas ah! Alguém há de concordar que esse mundo está todo errado. Alguém há de querer algo mais.

4 comentários:

Luiz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiz disse...

Engenheiros do Hawaii - Toda Forma De Poder
Gessinger
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada
E eu começo a achar normal que algum boçal atire
bombas na embaixada

Se tudo passa talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu fiz

Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada
Toda forma de conduta se trasforma numa luta armada
A história se repete, mas a força deixa a história
mal-contada

Se tudo passa talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu fiz

O fascismo é fascinante, deixa a gente ignorante e
fascinada
É tão fácil ir adiante e esquecer que a coisa toda tá
errada
Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não
dizem nada

Se tudo passa talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu fiz

p.s.: nem lembrava que tinha criado um blog risos
Luiz

Pedro Santana disse...

Concordo com você em várias coisas, mas também acho exagerado. Não saberiamos se coisas como você citou seria exatamente igual, a geração dos nossos pais ou avós, se eles tivessem acesso a tudo que nós temos hoje em dia. Daqui algumas décadas, algum jovem vai escrever um texto como o teu, falando, possivelmente, da nossa geração, vai ser sempre assim. A humanidade nunca vai ser a mesma, vai estar sempre mudando (nem sempre pra melhor).
"Talvez fazer uma faculdade, conseguir um emprego com salário razoável e ser o orgulho dos pais conservadores seja uma boa perspectiva."
Tudo que alguém que entrou na faculdade hoje, quer, é um bom emprego no futuro, ter uma família feliz, e conseguir sustenta-la. Provavelmente é o que voce quer também, óbvio, que todos queremos ser ricos, mas alguém seria feliz desse jeito. Hoje existe algo que parece não permitir a humanidade de lutar pelos seus direitos, o medo, mas será que ele nunca existiu? Óbvio que existia, mas as pessoas eram diferentes, e não queriam ficar apenas discutindo isso na internet, ou ficar atualizando seu fotolog, orkut, eles queriam o bem, não só pra eles, mas para seus filhos, netos, etc.
Posso estar sendo ridiculo, mas é meu jeito de pensar. Te indico que leia 1984, é um livro muito bom, de um grande escritor. O livro me passou a impressão, de como o mundo vai acabar ficando, se não fizermos algo.

João Gabriel disse...

Ao pedrinho:
Sinceramente, eu também achei exagerado, acho que foi um momento de revolta. Talvez a idéia dos jovens rebeldes das outras épocas seja só o que nos foi passado, uma imagem entre um mar de outras, talvez acomodadas como as nossas.
E eu já li 1984, com certeza é um grande livro, sim.
Obrigado por comentar aqui :)