17 de janeiro de 2010

Na balada III

"Outra coisa disse Clémence. A meu ver, a grande divisão do mundo, bem, à parte todo esse negócio de classes sociais, a grande divisão do mundo é entre os que vão às festas e os que não vão. E esta divisão da humanidade, que data da época do colégio, persiste toda a vida sob outras formas.
Eu não era convidado para as festas."
(Como me tornei estúpido, de Martin Page)

Na balada II

Tunts tunts tunts tun!
João pensava consigo mesmo que não podia ser o único ali que não estava se divertindo, então escreveu um cartão-convite-protesto:

"Aceito uma conversa não-falsa, não-banal e sem a pretensão de parecer cool."

Estendia o cartão pra lá e pra cá. "Só tem dois jeitos de gostar disso aqui: um é estar muito bêbado e o outro eu não sei", gracejou ele uma vez, duas, três. Por fim, desistiu.
Tunts!

Não que as pessoas do lugar fossem incapazes de uma conversa verdadeira.
Tunts!

Não que elas não se interessassem por assuntos relevantes e inteligentes.
Tunts!

João acabou concluindo que, de fato, a culpa é do ambiente. Lá não é o lugar. Aquele lugar é pra outra coisa. E ele até descobriu para quê, mas estava bêbado demais pra lembrar o que era no outro dia.
Tun!

16 de janeiro de 2010

Na balada I

Tunts tunts tunts tun!
João tanto olhava de um lado para o outro, ali sentado, que ela resolveu perguntar (e, afinal de contas, por que não fazê-lo?):
Tá esperando alguém?
Ele se sentiu triunfante ao responder:
A vida toda.
Aí a coisa já desandou de vez. Em instantes o semblante dela percorreu sorriso-simpático, surpresa-desagradável, comida-fora-da-validade e revira-os-olhos; assim ela se foi.

João chegara a acreditar que ela diria:
E como você sabe que ainda não encontrou?
Ao que ele responderia:
É exatamente a pergunta que venho me fazendo há segundos.

João não gosta de baladas.
Tunts tunts tunts tun!

4 de janeiro de 2010

Metablogagem II

Tenho aqui a evolução dos meus delírios, desde 2008. E que vergonha a gente sente das besteiras que escreveu no passado! Só não sente das besteiras do presente.

A esse comportamento irracional nós damos o nome de "opinião formada". Sorte que passa.

Metablogagem I

O sonho de todo blogueiro é ser lido por mais que apenas seus conhecidos. Mas isso requer um salto de qualidade absurdo. É a diferença entre as 28 horas de gravação de você engatinhando - que família e amigos adoram - e "O poderoso chefão".

Minha esperança é que tem gente que gosta até de "Bud, O Cão Amigo".