23 de fevereiro de 2008

"O conhecimento é em si mesmo um poder". (Francis Bacon)

"Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros". (Benjamin Franklin)

E o que dizer, então, de podermos assistir às aulas de faculdades renomadas como MIT, Yale e Stanford de graça? Aprender com alguns dos maiores cientistas da atualidade tendo como único investimento o tempo? É isso que nos proporciona esses tempos modernos.

Recentemente, a revista Veja escreveu uma matéria sobre esse assunto, que pode ser lida aqui: http://veja.abril.com.br/200208/p_082.shtml. Na matéria você encontra os sites para conferir as aulas.

E como funciona? É simples. A aula integral é filmada e disponibilizada na internet, para qualquer pessoa conectada no mundo poder aprender. O que as universidades ganham com isso? Milhares de acessos, causando em vários a vontade de estudar nessas universidades, a satisfação de semear o conhecimento nas pessoas, ajudando a humanidade e a fama de visionárias, talvez, visto que a internet é um meio democrático onde ocorre a troca gratuita de informações e atualmente transita praticamente qualquer coisa que você quiser, desde um cd de axé a uma palestra do Richard Dawkins. É o caminho que o mundo tem tomado, e elas estão se ajustando a isso.

Para experimentar a novidade, fui no site da Yale e assisti a uma aula de 'Introdução à psicologia', com Paul Bloom. Na aula, ao citar que estão sendo filmados para a internet, ele brinca que a iniciativa faz parte de uma tentativa de dominar o mundo. Sendo uma aula introdutória, não é necessário conhecimento algum de psicologia, basta dominar o inglês. Não consigo imaginar nenhum uso melhor da internet. Vale a pena.

E agora, não preciso mais fazer uma faculdade? Naturalmente, só assistir a aulas na internet não vale tanto quanto realmente freqüentar aulas, ter contato com os professores, os livros e com a universidade em si. Além do mais, você não receberá nenhum tipo de diploma. O que importa é o conhecimento em si, o próprio saber. Isso pode não parecer muito para uma maioria, que vai dizer “ah, vou ter aula lá pra nada?”, mas creio que vocês, leitores, não pensem assim: percebem essa oportunidade.

O que diriam todo
s os pensadores antigos e atuais sobre isso? Provavelmente concordariam em como é uma grande idéia. Não há discordância entre eles, todos sabem a grande importância da educação na formação das pessoas e, por conseqüência, da sociedade.
E a nós, cabe aproveitar!

De poeta nem todo mundo tem um pouco

Ah, claro! A aura romântica que acompanha qualquer um que se diz “poeta”... desajeitados, apaixonados, artistas das palavras. Acontece que, ops!, você não sabe escrever!

Crescendo proporcionalmente à difusão do uso dos blogs, uma nova safra de pseudo-poetas adolescentes vem atacando. Munidos com suas belas rimas (o amor é uma dor) e toda a profunda angústia jovem (por que ela não deixa scrap pra mim?), eles escrevem sonetos sobre as estações do ano, sobre o sol e a lua e sobre qualquer coisa abstrata, já que aí fica mais fácil encaixar a riminha no final do verso. Depois é só buscar uma foto como uma criança segurando balões, um pôr-do-sol na praia ou um avô segurando o netinho, tudo direto do gettyimages. Pronto!

Agora é onde você me interrompe: “Qual o problema de alguém tentar fazer poesia? Você acha que alguém nasce sabendo? Você por acaso entende algo de poesia? E você tem um blog para criticar? Temos é que louvar a iniciativa deles.” Onde eu respondo: “Bom, não posso negar que eu mesmo não escrevo, nem entendo muito de poesia. Talvez não tenha sido claro em minha objeção, eu quero é que a suposta nata criativa poética tenha um pouco de autocrítica e perceba que o que eles fazem não chega aos pés dos verdadeiros poetas, e por isso, não devem tratar-se com tamanha dignidade, pois assim demonstram um enorme orgulho de si mesmos – um orgulho despropositado -, e um certo desprezo por quem realmente sabe escrever.”

Isso tudo me lembra da afronta feita a Vinicius de Moraes, que escreveu “que seja eterno enquanto dure”. A frase claramente fala que o amor é passageiro, mas devemos nos enganar a respeito disso. Acontece que o pagodinho cantado por não sei quem, ignorou o sentido do belo verso e diz: “Que seja eterno enquanto dure esse amor e que dure para sempre, que seja abençoado por Deus...” Come on! (E não vou nem entrar na questão “abençoado por Deus” agora, isso é matéria para próximos posts).

Resumindo em um apelo final aos poetinhas: resumam-se a sua insignificância!

E, para coroar, alguém me passa esse site:
http://www.threadless.com/product/548/Shakespeare_Hates_Your_Emo_Poems#top
(Shakespeare odeia seus poemas emos)
Eu quero essa camiseta!

19 de fevereiro de 2008

O (pequeno) príncipe

“Quem quiser fazer profissão de bondade não pode evitar sua ruína entre tantos que são maus”

O príncipe, de Maquiavel, é sem dúvida um dos livros mais influentes na nossa história. Talvez o segundo mais influente, após a Bíblia. Leitura considerada indispensável por 11 em cada dez repetidores de sensos comuns, então me pus a lê-lo.

O livro é de uma honestidade incomum, pois trata das dificuldades do controle e da manipulação do povo como se essas questões não fossem... bem, maquiavélicas.
Percorrendo todas as nuances de ser um príncipe (no caso, um déspota que reina sobre alguma localidade, conquistada ou herdada, como era comum antigamente), de conquistar novos territórios e impedir a população de se rebelar nos seus já conquistados, ele apresenta insights sobre comportamento, técnicas e atitudes.
Não é à toa que a frase “os fins justificam os meios” é (erroneamente) creditada a ele.

Maquiavel afirma categoricamente que o homem é mau, só deixando de sê-lo quando há benefícios para isso. É um dos extremos da compreensão dos homens, onde, curiosamente, parece ser o oposto da visão de O pequeno príncipe, o clássico infantil-para-adultos de
Saint-Exupéry.

Le petit prince é uma leitura muito mais leve (como dificilmente deixaria de ser, tendo sido publicado 400 anos mais tarde), que ao contrário do amoral guia italiano, nos deixa esperançosos e contentes com nossa natureza. O ser humano não é mau, só é levado a ser com maus hábitos adquiridos quando larga a infância. Sim, são livros com propósitos e contextos diferentes, mas que se encontram nessa análise humana. “O príncipe” é lido e cultuado desde antes da Idade Contemporânea; sempre correto, graças à ganância dos “animais racionais”, e é o livro de cabeceira de vários governantes, entre eles o ex-presidente FHC. “O pequeno príncipe” é o livro de cabeceira da Carla Perez. Ainda assim, a mensagem do segundo é mais atraente, quem sabe até nos faça pessoas melhores.

Sei que entre eles, eu escolho “O pequeno príncipe” e iria preferir ter à minha volta pessoas que fizessem o mesmo.

Ps: ainda assim, entro na lista dos que recomendam a leitura de “O príncipe”. Mas recomendo também O pequeno, para aliviar a frieza maquiavélica...


14 de fevereiro de 2008

Geração Coca-cola?

Vamos fazer nosso dever de casa
e aí, então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis,
fazer comédia no cinema com as seus leis”


Ano 2008. Passaram-se 23 anos do lançamento dessa música e eu não posso deixar de pensar que nada podia estar mais longe da verdade. Vivemos em uma sociedade acomodada, onde os jovens, ex-eternos rebeldes, estão razoavelmente satisfeitos. É evidente que melhoramos, mas mais evidente ainda que o mundo não está “pronto”. Problemas existem inúmeros, mas não é sobre isso que eu quero tratar aqui, e sim sobre a falta de vontade dos jovens de fazer alguma coisa. (“A televisão me deixou burro muito burro demais”?)

Nossa geração não teve uma Grande Guerra, não tivemos Woodstock nem John Lennon cantando “Imagine”. Ninguém nem mais sabe quem foram os beatniks e Che Guevara era um fedido. Então, com o que nos preocupamos? Queremos conhecer famosos? Dinheiro para ir ao shopping? Queremos ficar iguais aos atores do cinema?

”Não! Isso é bom, uma sociedade com estabilidade econômica vai gerar prosperidade, revoluções são um atraso” me diz alguém. Será esse nosso destino? Não haverá mais lutas e todas as mudanças serão graduais, nos afundando cada vez mais nesse status quo? As revoluções serão as novas versões do iPod?

Talvez o instinto dos jovens para mudanças tenha sido reprimido, afinal de contas os rapazes do Nx Zero não são exatamente militantes... ninguém na nossa música atual é. (Desculpa, talvez um ou outro. Mas não estão na grande mídia.) Talvez fazer uma faculdade, conseguir um emprego com salário razoável e ser o orgulho dos pais conservadores seja uma boa perspectiva.

Mas ah! Alguém há de concordar que esse mundo está todo errado. Alguém há de querer algo mais.