17 de abril de 2009

Gênesis

Eu sou ateu. Isto é, não creio ou não tenho fé em Deus ou deuses. As justificativas para essa posição se baseiam todas na ausência de provas da existência de algo sobrenatural, extra-físico, divino. Alguém poderia argumentar que eu também não posso provar que deus(es) não existe(m), e eu responderia que, ainda assim, não vejo por que eu deva crer em deus(es). Tipicamente, o ateu retruca dizendo "também não posso provar que o Papai Noel não existe, mas isso não me impele a crer no bom velhinho, assim como você não acredita". O mesmo pode ser dito do coelhinho da Páscoa, do ET de Varginha, de unicórnios, dragões, super-heróis, etc. A questão é simples: sem prova, sem crença. Mas será mesmo certo afirmar que não existe nenhuma prova da existência de Deus?

Há muitas supostas provas de que deus(es) existe(m). A grande maioria, no mínimo — eu diria todas —, não consegue passar pelo escrutínio da lógica ou dos fatos. Exemplifico:

a) Todas as civilizações desenvolveram crenças em Deus ou deuses. Existem pesquisas que mostram que ter fé aumenta as chances de cura de um paciente. Existe uma região do cérebro que, quando estimulada, geralmente provoca sentimentos religiosos¹.
Logo, Deus existe.

b) A vida existe no planeta Terra.
A vida não pode surgir sozinha.
Então a vida foi criada.
Logo, Deus existe, pois criou a vida.

No primeiro caso, temos exemplos do que é chamado de non sequitur, ou seja, a conclusão não se segue necessariamente da premissa, do fato inicial. É possível que todas as civilizações tenham desenvolvido uma crença em algo que não existe, por exemplo, até porque deuses são um conforto psicológico em momentos difíceis e uma explicação para o desconhecido. Coisas universais.

O segundo caso é diferente. Uma das premissas é que a vida não pode surgir sozinha, o que não é comprovado e vai contra algumas evidências da ciência atual. Analisando o cosmos, percebemos que a matéria orgânica, que compõe os seres vivos que conhecemos, é abundante. Sabemos que existem seres que conseguem viver em ambientes extremos, com temperaturas de até 100°C, pHs que variam de 2 a 12 (muito ácido e muito básico), e pressões muito altas: as bactérias extremófilas.

Mas a maior evidência para o surgimento autônomo da vida são experiências como a de Urey-Miller. Esses cientistas, em 1952, tentaram recriar o ambiente terrestre de 3 bilhões de anos atrás, quando havia muita amônia, gás hidrogênio, gás metano e água. Misturando esses compostos e incidindo raios elétricos neles, como ocorria em larga escala na Terra primitiva, eles foram capazes de criar vários aminoácidos, material que forma as proteínas, que por sua vez formam todas as formas de vida que conhecemos. Bastaria surgir um replicador, algo que criasse mecanicamente cópias de si mesmo, para surgir a vida primitiva que evoluiria e poderia chegar a níveis de complexidade como o nosso ou maiores. A experiência vem sendo refeita e melhorada até os dias atuais, com resultados parecidos. E nada disso precisa de um deus.

O que dizer, porém, de tal argumento:

c) O Universo existe.
Se algo existe, então foi criado ou sempre existiu.
Sempre ter existido não é algo coerente.
Logo, Deus existe e criou o Universo.

O Universo de fato existe. Parece certo que tudo que existe precisa ou ter sido criado, ou sempre ter existido. Mas como pode algo existir desde sempre? Se tivesse surgido em algum momento, teria sido criado. E existir sem nunca ter surgido não parece uma alternativa lógica. Nesse momento o teísta ri satisfeito e diz: "Aí está a prova de que Deus existe. Precisamos de Deus para explicar por que existe algo ao invés do nada."

O ateu, como que em desespero, lança um contra-argumento raso: "Se Deus criou o Universo, quem criou Deus? E se Deus não precisa ter sido criado, por que o Universo precisa?" Tudo bem. Então Deus não explica a questão. Tampouco o ateu a explica. Voltamos à estaca zero.

Por que existe algo? Como existe alguma coisa?

A física moderna nos dá certas indicações, mas nenhuma resposta concreta. Precisamos lembrar que a ciência está sempre buscando as respostas, mas nunca terá verdades definitivas. Ela é intrinsicamente mutante, pois surgem novos dados e novas teorias. Sua merecida credibilidade vem da sua capacidade de perceber o próprio erro ou simplificação e de se consertar para chegar mais perto da verdade. O que ela diz?

O Universo teria surgido com o Big Bang, há cerca de 14 bilhões de anos. Toda a matéria estava em um só ponto e começou a se expandir. O tempo não existia antes do Big Bang, ele surgiu junto com a explosão. Perguntar o que havia antes disso é perguntar o que tem ao norte do pólo norte, disse certa vez o físico Stephen Hawking.
Porém, como surgiu aquele pontinho com matéria no instante do Big Bang? Existem especulações: esse pode ser só um dos muitos ou infinitos Universos existentes; ou a gravidade reuniu toda a matéria do Universo passado e houve este Big Bang, um de infinitos; entre outras, que podem exigir um conhecimento maior de física e matemática. Nada, porém, explica como pode existir algo ao invés do nada.

E agora? Me permitam uma digressão. Primeiro para 1543, quando Copérnico publicou um livro onde defendia que a Terra não era o centro do Universo, e sim o Sol, ideia que contrariava a visão religiosa e altamente antropocêntrica da época. Um grande tapa na presunção humana. Não seria o primeiro que a ciência nos deu. Também Darwin, quando publicou "A origem das espécies" há 150 anos, nos trouxe a humildade de entender que não somos seres especiais criados por uma divindade, destinados a controlar todos os outros. Somos só outro macaco sentado num galho da árvore da vida.

Aumentando nosso conhecimento, acabamos sendo forçados a aumentar nossa sabedoria. Aparentemente, os fatos não se preocupam muito com nosso ego. Cito essas coisas para levantar uma outra hipótese no caso da existência do Universo, ou da existência de alguma coisa. Uma ideia razoavelmente antiga que meu amigo Rafael chamou de hipótese arracional. "A" é um prefixo grego que exprime negação. Não-racional é diferente de irracional, pois o irracional contraria a razão. O arracional está além dela. A argumentação é mais ou menos assim:

Se o ser humano evoluiu através da seleção natural e se nossa capacidade mental for fruto do nosso sistema nervoso, não de uma alma — seja lá o que isso for —, também nossa mente evoluiu pelo método darwinista. Assim como nossos dentes não são capazes de triturar aço, mas davam conta do serviço nas condições-padrão da nossa vida evolutiva, também nossa mente — com todas as suas funções, incluindo a análise do que é racional, do que faz sentido — só foi até o necessário: analisar e entender as condições-padrão da nossa vida evolutiva. Talvez nossa racionalidade seja simplesmente rasa demais, talvez nossa mente não tenha a capacidade de julgar o que pode ou não acontecer em situações extremas ou simplesmente em situações fora do usual, entre elas o surgimento ou a existência do Universo. Nem ter sido criado, nem ter sempre existido, mas algo arracional, uma resposta alternativa. Como enxergar mais que nossas três dimensões usuais, algo simplesmente além da compreensão da mente do famigerado Homo sapiens. Não vai fazer sentido e pronto.

Assim como foi com o heliocentrismo e o darwinismo, é difícil aceitar isso. Parece nos roubar de algo que tanto prezávamos: nossa razão. Porém, vale ressaltar que, sendo nossa mente assim falha ou não, quando o objetivo é buscar a verdade, não há por que abandonar a racionalidade. Se a razão não pode nos levar à Verdade absoluta, ela certamente é quem pode nos aproximar mais dela. Toda nossa ciência é testemunha disso. Quem a fé pode chamar pra depôr?



¹: quem se interessou por isso, pode pesquisar por Michael Persinger ou estimulação transcraniana.
Como o pensamento ocorre com as sinapses do cérebro, ou seja, pequenas descargas elétricas entre os neurônios, e como as áreas do cérebro são razoavelmente especializadas em diferentes funções, é possível estimular áreas do cérebro com campos magnéticos bem colocados e analisar sua(s) função(ões). É quase como se houvesse uma área ligada ao pensamento religioso, embora o lobo temporal esquerdo tenha várias outras funções e a religiosidade não se manifeste em todas as pessoas.

8 comentários:

Rafael de Souza disse...

É fácil ser cético. Perguntando "por que" ficamos próximos a realidade e a todas as coisas que existem. Ficamos seguros que nosso trem de pouso encostará numa provável pista. Mas porque, João, nunca aterriçamos? porque essa probabilidade só aumenta? porque não chegamos a trivialidade, ao "por que dos porquês"?

Convenhamos, resolveríamos os nossos problemas. Aliás, eles se quer existiriam. Poderíamos julgar sem o medo de errar e extinguir todo o seu além. Saciaríamos, inclusive, a maior vontade dos nossos cérebros: o sentido.

Mas vale a pena doarmos nossas vidas inteiras atrás desse "porquezão", como um cão atrás de um carro?

Vale, porque mesmo sendo desestimulante, curiosamente, não há o desestímulo. Mesmo sendo excitante, não há a excitação. Chegando a um por que, geramos, invarialmente, mais um.

Nosso raciocínio será sempre "cíclico". As crenças dependerão dos referenciais para se auto-sustentarem. Nosso cérebro não permitirá a substituição das crenças pelo nada. Nossas respostas sempre gerarão apenas menos perguntas.

A lei de causa e efeito, o existencialismo, é o nosso carma. Pode se matar a vontade.

Unknown disse...

Uhhh, me arrepiei.
Porque tava lendo sobre algo parecido agora mesmo, e vim justamente pra postar no meu blog um trecho do livro do Hawking que fala sobre isso.
Mas não vou falar em coincidência pra um cético convicto, haha! xD

Jônatas disse...

Olá João,

Sou o Jônatas, prazer.

Primeiro, gostaria de parabenizá-lo pelo blog. É sempre bom expor os pensamentos e compartilhar as "nossas loucuras".

Então, eu sou cristão, ou seja, teísta. Não concordo contigo quanto a não existência de argumentos reais para a existência de Deus, porém, não posso me apegar a elas para prová-lo que Ele existe, até porque se fosse possível provar cientificamente, não seria necessário a existência do fator fé.
No entanto, concordo contigo que muitos dos argumentos são raciocínios (que fazem sentidos) mas que não podem ser tomados cientificamente. Também gostaria de lembrá-lo que fé é algo dogmático enquanto ciência será mutável ad infinitum. Embora a evolução seja algo bem factível (a ciência avançou muito neste sentido), porém, ela ainda não é uma verdade pura (vide crítica a razão pura, Kant). Se fosse uma verdade pura e conhecida, seria semelhante à matemática. Tão certo posso lhe dizer que para crer na ciência necessitamos de fé também. Quantas pessoas que viveram a pouco mais de 100 anos atrás não tiveram suas verdades destruídas cientificamente? é um ciclo, a própria evolução encarnada.
Sendo assim não tomar a ciência com a verdade absoluta, mas somente como um caminho para o refrigério das indagações humanas, assim como crer em Deus.

Fé é algo evidente na ciência e na religião.

Parafraseando o título do seu blog: Podemos nos apegar na incerteza de que a vida é um absurdo sem sentido. O que isso beira senão a tristeza? Sartre tinha razão. Aliás, todos os demais existencialistas sofreram do mesmo mal.

Abraço e boa noite

João Gabriel disse...

Olá, Jônatas!

Obrigado por entrar aqui e principalmente por comentar. De nada me serve esse blog se ninguém vem aqui opinar e fazer eu pensar um pouco, eu acho.

Eu penso que a crítica que você fez é uma particularmente relevante dentro de toda essa discussão "deus, ciência e fé" - porque boa parte do que se diz a respeito não é.

Existe uma postura um pouco ignorante de pensar na ciência como portadora da Verdade, assim com V maiúscula; e se essa postura é adotada dentro dessa discussão em que estamos, isso leva a pensamentos como "a ciência provou que Deus não existe". Eu sei que existe muita gente na internet e até na mídia advocando coisas do tipo e por isso que eu digo que a crítica é relevante.

(Acho que cabe notar que eu não estou falando de autores como o Dawkins ou o Sam Harris; a posição ateísta deles é mais refinada que essa e isso fica claro pra quem lê seus livros sem um pré-conceito.)

Uma visão ponderada da ciência - cito a do filósofo Karl Popper como exemplo, que eu gosto particularmente - afasta esse tipo de atitude, de tratar o conhecimento científico de qualquer época como verdade absoluta. Como você disse acertadamente, a ciência muda e evolui. Essa evolução pode se dar através da prova negativa, das refutações às teorias vigentes, gerando um contínuo aperfeiçoamento em que nos afastamos de crenças erradas e, assim, nos aproximamos do que é verdadeiro. Não precisa haver pretensão de chegar até o final, à Verdade Absoluta. Provavelmente não podemos chegar a verdades absolutas pelo método científico mesmo.

Ao menos na literatura especalizada da filosofia da ciência, os pensamentos de gente como Popper não convenceram que a ciência realmente caminha em direção à verdade final ou que é independente de fé, mas não quero me ater a determinados pensadores ou picuinhas acadêmicas.

É verdade, pode ser necessário um salto de fé para presumir que nós podemos entender o mundo através da razão e da experimentação.

Acontece que nós temos muitos indícios de que realmente podemos dar esse salto. Com nossa ciência nós criamos teorias que predizem o funcionamento do mundo muito bem. Às vezes elas erram, mas elas acertam muito mais do que se esperaria do acaso. E ainda podemos arrumá-las quando nos aprouver.

Já a fé em algum deus não nos dá nenhuma dica. O fator Deus só responde coisas que não entendemos quando elas estão na própria definição de deus. "O ser que criou o Universo" é uma explicação para "como o Universo surgiu?", mas não nos permite prever nada além disso.

E o nome aparentemente niilista do meu blog é mais uma provocação - ou, pelo menos, é uma alegação muito mais ousada que dizer que não há por que acreditar em deus - e ela não deriva exclusivamente da minha não-religiosidade.

Mas isso já é outro assunto e ocuparia muito espaço. Só quero notar que, mesmo se essa visão só levasse à tristeza, isso não faria dela errada ou absurda. Quem sabe eu escrevo um Manifesto Niilista algum dia...

Obrigado, Jônatas! Pretendo tornar esse blog mais ativo no futuro; apareça.

Jônatas disse...

Fala João

Tudo certo!

Gostei do seu comentário. É sempre bom encontrar alguém para conversar assuntos interessantes.

Ainda bem que você é esclarecido quanto à verdade e a relação com a ciência. Já debati com dezenas de céticos que batem na mesma tecla...a maioria das vezes com mais "fé" que eu. :-)

Sim, já notei um certo positivismo em sua filosofia...
Mas assim como você, prefiro pensar coisas inovadoras que me ater aos velhos preceitos advocados pelos "pais" da filosofia. Pai por pai, fico com Sócrates. Prefiro a filosofia grega à alemã, apesar de reconhecer que os alemães são muito profundos.
(A filosofia oriental é bem interessante tb)

então,
Pode lançar questionamentos... e sempre que puder participarei.

Abraços e sucesso!

Rafael de Souza Gomes disse...

Toda vez que as crenças se confrontam com a razão, de modo que esta sufoca aquelas, é comum ouvirmos o argumento derradeiro:

"Isso é uma questão de fé."

Não é sem motivo que este costuma ser o golpe final do debate, pois esse é um "argumento" que não comporta uma contra argumentação.

O debate não se conclui, apenas se encerra por falta de objeto.

Não há o que discutir.

Inicialmente, há de se fazer uma distinção entre os diferentes tipos de fé:

Se considerarmos a fé no sentido de uma expectativa positiva para o futuro, de modo que esse pensamento positivo possa refletir concretamente na realidade, obviamente a fé pode ser algo muito bom.

Ter fé de que seus sonhos não mirabolantes serão alcançados e trabalhar para sua concretização passa a léguas de distância da crença irracional que eventualmente combato.

A fé que julgo irracional e que considero uma licença para ser tolo diz respeito ao abandono da observação da realidade e à aceitação da falsa premissa de que a ela (a realidade) sempre se curvará às nossas vontades.

A invocação da fé visa trazer virtude à incoerência, pois ela somente precisa ser invocada quando não há outros motivos para se crer.

Invocar a fé é um desserviço ao intelecto humano, pois abre divergências inúteis e inviabiliza convergências óbvias e em favor de vontades de improbabilíssima concretização.

A intensidade da fé com que se crê é inversamente proporcional às razões para se crer. Nesse mote, forçoso concordar com Martinho Lutero: "a fé é a maior inimiga da razão".

Quando alguém diz que acredita porque tem fé, por essa proporcionalidade inversa, ela está a dizer que não tem razões para acreditar, logo não é uma manifestação significativa de inteligência.

Com efeito, se ela não dá valor à razão, é inútil continuar a argumentar racionalmente, sob pena de incorrer em petição de princípio.

A inteligência é algo que obviamente valorizamos. Tanto que nos esquecemos de que ela não é obrigatória. As pessoas podem se reservar o direito à estupidez.

Apelar para a fé é exatamente isso: é reservar-se ao direito de ser estúpido.

Ocorre que, ao se confessar um tolo, a pessoa necessariamente deve abrir mão da prerrogativa de tomar decisões importantes em nome de outros, pois isso é algo ética e moralmente indefensável.

À medida que a civilização evolui, ela tende a não comportar que decisões importantes sejam deixadas nas mãos de “pessoas de fé” (dentre os quais os religiosos são o grupo mais significativo).

É preciso que tomemos as rédeas do nosso destino e, nesse contexto, não há espaço para a fé.

Unknown disse...

Sempre fui da opinião de que a fé é nada mais do que o maior clichê já dito sobre ela: um refúgio, uma forma de tornar as coisas amargas da vida mais fáceis, um luxo no qual as nossas maiores fraquezas repousam - e quando digo "nossas", não me refiro apenas àquelas dos que têm fé, mas à fraqueza a qual inclusive a ciência tem dificuldades de contornar, o motivo pelo qual ainda hoje nos utilizamos da fé da mesma maneira que "nossos antepassados homens das cavernas", que na tão famigerada analogia, ao verem o poder de um raio sobre a terra, atribuíam essa força de causas desconhecidas a um ser superior, que teve seu berço no medo e ignorância passados.
No entanto temos hoje a ferramenta para desmistificar todas as crenças improváveis que nosso desconhecimento gerou, e ainda que ela engatinhe, como engatinhou para nos provar que os raios são descargas elétricas causadas pela diferença de potencial entre nuvens, não tardará a nos provar a verdade sobre a vida, o universo e tudo o mais.
Boto fé! =]

Unknown disse...

Comentário do quarto quadrante =)