12 de abril de 2008

Science easy as a 3,14 (π)

Quem entende a seleção natural? A teoria da relatividade geral? A mecânica quântica? Bom, com certa variação entre cada uma, podemos dizer que boa parte das pessoas não entende tais coisas — inclusive você que diz que o homem veio do macaco.*

Isso certamente não é estranho, não são coisas óbvias, é preciso ler para entendê-las. O que é estranho é que as pessoas não parecem querer entender. Mas os limites do conhecimento humano não interessam o povo em geral? Dificilmente. A ciência traz periodicamente avanços incríveis pra sociedade — coisas que realmente mudam nossa vida —, como a criação das máquinas a vapor que levaram à Revolução Industrial. (Vale comentar que na Grécia Antiga, antes de Cristo, já havia sido criado uma máquina a vapor, mas na época ela era desnecessária porque eles tinham escravos e não recebeu muito crédito.)
Essas evoluções do saber são interessantes. Muito interessantes. Aí que me arrisco a deduzir: as pessoas não tentam entender porque existe uma grande sensação de que são coisas elevadas, complicadas demais para o cidadão comum. As pessoas desistem.

Agora, o que se pode dizer tranqüilamente é que as pessoas não precisavam desistir. E isso porque existe um segmento da literatura dedicado especialmente a isso: divulgar a ciência de modo simples e claro para o leitor que não é especialista. No meio acadêmico, chamam isso de “divulgação científica” — Ok, isso foi uma piada — e grandes cientistas de vários ramos de conhecimento vêm se dedicando à tarefa. Se você tem interesse por astronomia, surgimento do Universo e afins, você pode ler Stephen Hawking ou Carl Sagan. Se você se interessa pelo surgimento da vida e outras questões da biologia, você pode ler livros de Stephen J. Gould e Richard Dawkins. Se quer entender a mente humana, pode ler Steven Pinker. A lista continua.

Além de livros, existem revistas de divulgação científica, como a SciAm Brasil ou a Superinteressante (embora quanto a essa haja controvérsias). Existem documentários muito bons sobre vários assuntos científicos, como os feitos pela BBC. Ou seja, hoje em dia podemos entender a ciência e perceber seus avanços mesmo sem diplomas. E por que não faríamos isso? Quem sabe boa parte das nossas dúvidas filosóficas já estejam resolvidas. Quem sabe perguntas que nunca nos fizemos tenham respostas incríveis. É a impressão que eu tenho. Descubra.



*A história de que o homem veio do macaco é um erro que surgiu da má explicação da seleção natural. O fato é que a nossa espécie e os macacos atuais tiveram um parente em comum, em um passado relativamente recente. Inclusive, pesquisas no DNA revelam que os macacos atuais mudaram mais que nós, ou seja, esse parente antigo parecia-se mais conosco que com os outros símios. Uma bela rasteira nos nossos egos, hein?

5 comentários:

Feppas disse...

people are such quitters :D

Anônimo disse...

São assim porque leva tempo.

Anônimo disse...

Quando achamos que temos todas as respostas, vem a vida muda todas as perguntas.

João Gabriel disse...

Bom, eu escrevi algo consideravelmente errado na questão do Sol. A luz refrata, sim, mas o Sol não aparece mais baixo do que está, e sim mais alto do que está. Tirei a parte errada do texto.

João Gabriel disse...

Só pra explicar o erro que tinha, apesar de que provavelmente ninguém vem ler os textos antigos: eu tinha dito "ninguém se pergunta por que o dia continua claro um tempo depois de o Sol se pôr. Isso é por causa da refração, blablablá." Então, a verdade é que o Sol já está "abaixo do horizonte" e não ilumina a superfície da Terra, mas ainda ilumina por um tempo a região acima dessa, a nossa atmosfera. Quando a luz do Sol entra na atmosfera, esta espalha a luz, aí nosso dia ainda fica claro por um tempo. Por isso a transição noite/dia e dia/noite é gradual e não direta.